VEGETARIANISMO CHEGA AO UNIVERSO FITNESS : A CONSTRUÇÃO DE MÚSCULOS COM DIETAS LIVRES DE PROTEÍNA ANIMAL
Veganismo chega ao universo fitness
Fisiculturistas
constroem músculos com dietas livres de proteína animal
O Brasil possui 15 milhões de
vegetarianos, ou seja, pessoas que não comem carne, ovos ou leite. Os dados são
de uma pesquisa realizada pelo Ibope em 2012. Dentro dessa estatística, estão
incluídos os veganos, que, além da alimentação, aboliram o consumo de produtos
de origem em animal em outras áreas, como vestuário, e evitam peças feitas a
partir de lã ou seda e produtos de limpeza testados em animais.
Mesmo no universo fitness, obcecado por carne, é notável a popularização do veganismo. O personal trainer Felipe Garcia do Carmo é prova de que é possível ter músculos sem consumir proteína de origem animal. Felipe conquistou o troféu de primeiro colocado no 2º Campeonato de Fitness e Musculação, realizado em Mairinque (SP), em março. Concursos como esse avaliam a definição, a simetria, o volume e a proporcionalidade dos músculos.
O baiano Paulo Victor Pinheiro, mais conhecido como Paru, foi classificado em quarto lugar no mesmo campeonato e participará do ironman (maior evento de triatlon do mundo) em outubro. Ele completa, este mês, 14 anos de veganismo. A decisão por esse estilo de vida foi tomada depois que ele assistiu ao documentário Meet Your Meat (Conheça sua carne), que mostra a rotina de abatedouros. Paru abandonou o curso de engenharia elétrica para estudar nutrição. “Queria fazer algo em prol do veganismo, algo que possa me sustentar e ajudar as pessoas a viverem sem comer animais”, conta.
O atleta ressalta ainda que o interesse pelo tema é grande. “Recebo pelo menos uns 10 pedidos de ajuda por semana. Depois de um campeonato, sempre há um fluxo maior de mensagens”, comemora. A alimentação de Paru é baseada em castanhas, frutas, verduras e cereais.
O tema gera polêmica, pois a hipertrofia muscular é obtida por meio do ganho de massa, que ocorre com a quebra das proteínas em unidades menores. Durante o treino, as fibras já existentes nos músculos são rompidas e o organismo se prepara para substituí-las. Isso ocorre por meio da criação de novas células, baseadas no DNA já existente, formadas por aminoácidos. Porém, apenas 11 dos 20 aminoácidos existentes são fabricados pelo organismo. Os outros devem ser obtidos por meio da dieta. Alguns dos alimentos mais ricos nessas substâncias são a carne, o leite e os ovos.
Embora vegetais possam não conter grande variedade de aminoácidos, isso é solucionado quando a refeição combina carboidratos e leguminosas, como arroz e feijão ou mandioca e lentilha. Os componentes de origem animal contêm também reservas de ferro mais facilmente digeríveis do que as de origem vegetal. Uma das alternativas para melhorar a absorção desse nutriente é aliar o consumo dele à vitamina C, por exemplo, acrescentando açúcar mascavo — 10 vezes mais rico em ferro do que a versão branca e refinada — a sucos cítricos.
Ainda assim, a quantidade de proteínas pode não ser suficiente para os resultados esperados por um fisiculturista. Por isso, tanto entre onívoros, quanto entre vegetarianos, é comum a suplementação proteica. O mercado conta hoje com produtos variados para suprir essas necessidades, com proteínas isoladas do leite, da soja e de lentilha, o que atende às carências da maioria dos atletas. Não há restrição para a compra desses suplementos, embora a orientação seja de que sejam prescritos por nutricionistas. O consumo exacerbado de proteínas pode levar a sobrecarga dos rins, do fígado e ao ganho de peso quando o exercício físico não é suficiente para aproveitar todos os nutrientes fornecidos.
Uma das implicações do vegetarianismo pode ser a deficiência das vitaminas B12 e D, que, segundo a nutricionista Deyse Castro, atinge grande parte da população, independentemente de restrições alimentares, e é facilmente solucionada também com suplementação, receitada por médicos.
Para ela, mesmo quem não pretende trilhar carreira no fisiculturismo só tem a ganhar com a alimentação vegetariana. “Essa dieta, quando bem elaborada, não traz nenhum risco à saúde, muito pelo contrário, tende a melhorar a imunidade”, assegura. Segundo a Associação Dietética Americana, as vantagens citadas são notáveis: vegetarianos têm risco 88% menor de ter câncer de intestino grosso, redução de 5 a 10 mmHg na pressão arterial e colesterol até 35% mais baixo, quando comparados com onívoros.
Sofrimento
Mesmo no universo fitness, obcecado por carne, é notável a popularização do veganismo. O personal trainer Felipe Garcia do Carmo é prova de que é possível ter músculos sem consumir proteína de origem animal. Felipe conquistou o troféu de primeiro colocado no 2º Campeonato de Fitness e Musculação, realizado em Mairinque (SP), em março. Concursos como esse avaliam a definição, a simetria, o volume e a proporcionalidade dos músculos.
O baiano Paulo Victor Pinheiro, mais conhecido como Paru, foi classificado em quarto lugar no mesmo campeonato e participará do ironman (maior evento de triatlon do mundo) em outubro. Ele completa, este mês, 14 anos de veganismo. A decisão por esse estilo de vida foi tomada depois que ele assistiu ao documentário Meet Your Meat (Conheça sua carne), que mostra a rotina de abatedouros. Paru abandonou o curso de engenharia elétrica para estudar nutrição. “Queria fazer algo em prol do veganismo, algo que possa me sustentar e ajudar as pessoas a viverem sem comer animais”, conta.
O atleta ressalta ainda que o interesse pelo tema é grande. “Recebo pelo menos uns 10 pedidos de ajuda por semana. Depois de um campeonato, sempre há um fluxo maior de mensagens”, comemora. A alimentação de Paru é baseada em castanhas, frutas, verduras e cereais.
O tema gera polêmica, pois a hipertrofia muscular é obtida por meio do ganho de massa, que ocorre com a quebra das proteínas em unidades menores. Durante o treino, as fibras já existentes nos músculos são rompidas e o organismo se prepara para substituí-las. Isso ocorre por meio da criação de novas células, baseadas no DNA já existente, formadas por aminoácidos. Porém, apenas 11 dos 20 aminoácidos existentes são fabricados pelo organismo. Os outros devem ser obtidos por meio da dieta. Alguns dos alimentos mais ricos nessas substâncias são a carne, o leite e os ovos.
Embora vegetais possam não conter grande variedade de aminoácidos, isso é solucionado quando a refeição combina carboidratos e leguminosas, como arroz e feijão ou mandioca e lentilha. Os componentes de origem animal contêm também reservas de ferro mais facilmente digeríveis do que as de origem vegetal. Uma das alternativas para melhorar a absorção desse nutriente é aliar o consumo dele à vitamina C, por exemplo, acrescentando açúcar mascavo — 10 vezes mais rico em ferro do que a versão branca e refinada — a sucos cítricos.
Ainda assim, a quantidade de proteínas pode não ser suficiente para os resultados esperados por um fisiculturista. Por isso, tanto entre onívoros, quanto entre vegetarianos, é comum a suplementação proteica. O mercado conta hoje com produtos variados para suprir essas necessidades, com proteínas isoladas do leite, da soja e de lentilha, o que atende às carências da maioria dos atletas. Não há restrição para a compra desses suplementos, embora a orientação seja de que sejam prescritos por nutricionistas. O consumo exacerbado de proteínas pode levar a sobrecarga dos rins, do fígado e ao ganho de peso quando o exercício físico não é suficiente para aproveitar todos os nutrientes fornecidos.
Uma das implicações do vegetarianismo pode ser a deficiência das vitaminas B12 e D, que, segundo a nutricionista Deyse Castro, atinge grande parte da população, independentemente de restrições alimentares, e é facilmente solucionada também com suplementação, receitada por médicos.
Para ela, mesmo quem não pretende trilhar carreira no fisiculturismo só tem a ganhar com a alimentação vegetariana. “Essa dieta, quando bem elaborada, não traz nenhum risco à saúde, muito pelo contrário, tende a melhorar a imunidade”, assegura. Segundo a Associação Dietética Americana, as vantagens citadas são notáveis: vegetarianos têm risco 88% menor de ter câncer de intestino grosso, redução de 5 a 10 mmHg na pressão arterial e colesterol até 35% mais baixo, quando comparados com onívoros.
Sofrimento
A principal motivação para essas escolhas é a crença de que os animais não devem servir às necessidades humanas, e o sofrimento deles é injustificável, mesmo em atividades aparentemente inofensivas, como ordenhar vacas para a comercialização do leite. Segundo a Sociedade Americana pela Prevenção à Crueldade com Animais, as vacas leiteiras produzem hoje 10 vezes mais leite do que há décadas atrás. Isso ocorre devido a hormônios, dietas artificiais e modificações genéticas. Além do prejuízo ao bicho, essas toxinas são repassadas ao organismo humano durante a alimentação.
Estudo da USP afirma que
vegetarianos têm risco menor de desenvolver doenças cardíacas
A busca pela
saúde começa a engrossar a lista de motivos que levam as pessoas a pararem de
comer carne. No Brasil, 16 milhões de pessoas se denominam vegetarianos
Respeito aos
animais, crença religiosa e proteção ao meio ambiente são os principais
responsáveis pelo aumento do número de vegetarianos em todo o mundo. A busca
pela saúde começa a engrossar a lista de motivos que levam as pessoas a pararem
de comer carne. O mais recente estudo brasileiro na área, realizado pela
Universidade de São Paulo (USP), encontra evidências de que os adeptos do
vegetarianismo apresentam risco menor de desenvolver doenças cardiovasculares.
O resultado será apresentado pela primeira vez no país durante o Congresso
Vegetariano Brasileiro, que, de hoje a domingo, reunirá especialistas na área
em Curitiba.
ulio César Acosta Navarro, médico do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP, conduziu, no ano passado, uma pesquisa on-line com 549 adultos (homens e mulheres), que tinham mais de 18 anos e moravam em São Paulo. A intenção era coletar informações sobre alimentação e doenças. Os participantes foram divididos em três grupos de acordo com o grau de frequência de consumo de carne: vegetarianos (não comem), semivegetarianos (comem de uma a três vezes por semana) e onívoros (comem todos os dias).
“No grupo vegetariano, observou-se uma menor incidência de doenças prevalentes na sociedade, como hipertensão e alterações no colesterol e triglicérides”, adianta o pesquisador peruano, que, há 27 anos, procura evidências científicas que possam respaldar ou refutar as práticas do vegetarianismo. Entre os participantes onívoros, 71% eram hipertensos e 54% apresentaram quantidade anormal de lipídios no sangue. Já no grupo dos que não comem carne, 57% tinham pressão alta e 16% estavam com dislipidemias. Os dados das pessoas semivegetarianas não foram considerados no resultado final.
A descoberta não é conclusiva, ressalta Navarro, já que a pesquisa está na primeira de três etapas, mas coincide com os resultados alcançados em Lima em 1997 e em São Paulo em 2001. Nas duas pesquisas, em que foram analisados fatores de risco que podem levar a um evento cardíaco grave em 10 anos, incluindo morte, ficou comprovado que a pressão e o colesterol altos estão menos presentes entre os vegetarianos. A segunda fase do estudo, que consiste na análise da saúde de 40 homens aparentemente sadios de cada grupo, está prevista para terminar no fim deste ano.
s resultados já alcançados levam Navarro a entender que a alimentação de fato influencia a saúde cardiovascular. “O protagonista da gênesis da aterosclerose é o colesterol, que está associado ao estilo de vida, essencialmente à nutrição. A molécula é necessária para formar hormônios, mas o ser humano não precisa de ingeri-lo”, destaca o também autor do livro Vegetarianismo e ciência. Além de fornecer menos colesterol (presente apenas em produtos animais), a dieta vegetariana ganha destaque porque contém maior quantidade de substâncias aliadas do coração, como vitamina C, betacaroteno, fibras e gordura poli-insaturada. A longo prazo, o pesquisador explica que a mudança na dieta produz alterações fisiológicas, levando a uma menor chance de surgir a aterosclerose.
Segundo Navarro, há cerca de 16 milhões de brasileiros que se denominam vegetarianos. Otimista, o pesquisador acredita que, daqui a 30 anos, com a força ecológica e os avanços científicos, haverá um racha na cultura alimentar e o mundo será dividido entre vegetarianos e onívoros. “O vegetarianismo vai crescer de tal maneira que criará uma divisão como corintianos e palmeirenses”, compara, ressaltando logo em seguida que, quando ele se interessou pelo tema, ainda na faculdade, em 1986, quem não comia carne era visto como radical e excêntrico.
Atentos ao prato
O ganho na saúde não se deve apenas ao desaparecimento de carne no cardápio. A nutricionista Silvana Portugal, coordenadora da Sociedade Vegetariana Brasileira em Belo Horizonte, observa que o vegetariano costuma dar mais atenção ao que come e acaba fazendo opções mais saudáveis. “Quem vira vegetariano passa a comer melhor e com muito mais variedade. Enquanto o onívoro lancha pão de sal com queijo, o vegetariano vai escolher pão integral com pasta de grão-de-bico, geleia de fruta ou até mesmo azeite. O perfil muda completamente”, compara. A especialista em nutrição vegetariana e vegana diz que os consumidores de carne, queijo e laticínios ingerem em excesso proteína, que se transforma em gordura.
Vegetariano há 21 anos, o médico nutrólogo Eric Slywitch informa que metade das calorias contidas na carne, seja branca ou vermelha, é oriunda de gordura. A outra é composta por proteína. Mesmo aquela considerada magra contém 40% de gordura. “Dessa gordura, 50% é saturada, a mais nociva para o risco de doenças cardiovasculares. Além disso, a forma como as pessoas preparam a carne tende a aumentar a porcentagem”, comenta. Slywitch acrescenta que os laticínios são ainda mais gordurosos que a carne. Cerca de 60% das calorias de um queijo branco, por exemplo, são de gordura, sendo que 70% é saturada.
O nutrólogo acredita que cortar carne e laticínios é um passo importante, mas é preciso colocar alimentos mais saudáveis no lugar. Para substituir um bife de 100g, quantidade máxima recomendada pelo Ministério da Saúde, Slywitch indica o consumo de sete colheres de sopa de feijão, o que equivale a uma concha quase cheia. Assim, serão supridas as necessidades de proteína, ferro e zinco, além de fibras, que são fermentadas por bactérias do intestino e formam substâncias que ajudam a reduzir o colesterol. A carne também pode ser trocada por outras leguminosas, como lentilha, ervilha, grão-de-bico e soja. Já os substitutos de leite e ovo, usados para dar liga às receitas, são banana-verde e linhaça. A semente, quando fica de molho na água por horas, forma uma baba que parece clara de ovo.
MITOS
ulio César Acosta Navarro, médico do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP, conduziu, no ano passado, uma pesquisa on-line com 549 adultos (homens e mulheres), que tinham mais de 18 anos e moravam em São Paulo. A intenção era coletar informações sobre alimentação e doenças. Os participantes foram divididos em três grupos de acordo com o grau de frequência de consumo de carne: vegetarianos (não comem), semivegetarianos (comem de uma a três vezes por semana) e onívoros (comem todos os dias).
“No grupo vegetariano, observou-se uma menor incidência de doenças prevalentes na sociedade, como hipertensão e alterações no colesterol e triglicérides”, adianta o pesquisador peruano, que, há 27 anos, procura evidências científicas que possam respaldar ou refutar as práticas do vegetarianismo. Entre os participantes onívoros, 71% eram hipertensos e 54% apresentaram quantidade anormal de lipídios no sangue. Já no grupo dos que não comem carne, 57% tinham pressão alta e 16% estavam com dislipidemias. Os dados das pessoas semivegetarianas não foram considerados no resultado final.
A descoberta não é conclusiva, ressalta Navarro, já que a pesquisa está na primeira de três etapas, mas coincide com os resultados alcançados em Lima em 1997 e em São Paulo em 2001. Nas duas pesquisas, em que foram analisados fatores de risco que podem levar a um evento cardíaco grave em 10 anos, incluindo morte, ficou comprovado que a pressão e o colesterol altos estão menos presentes entre os vegetarianos. A segunda fase do estudo, que consiste na análise da saúde de 40 homens aparentemente sadios de cada grupo, está prevista para terminar no fim deste ano.
s resultados já alcançados levam Navarro a entender que a alimentação de fato influencia a saúde cardiovascular. “O protagonista da gênesis da aterosclerose é o colesterol, que está associado ao estilo de vida, essencialmente à nutrição. A molécula é necessária para formar hormônios, mas o ser humano não precisa de ingeri-lo”, destaca o também autor do livro Vegetarianismo e ciência. Além de fornecer menos colesterol (presente apenas em produtos animais), a dieta vegetariana ganha destaque porque contém maior quantidade de substâncias aliadas do coração, como vitamina C, betacaroteno, fibras e gordura poli-insaturada. A longo prazo, o pesquisador explica que a mudança na dieta produz alterações fisiológicas, levando a uma menor chance de surgir a aterosclerose.
Segundo Navarro, há cerca de 16 milhões de brasileiros que se denominam vegetarianos. Otimista, o pesquisador acredita que, daqui a 30 anos, com a força ecológica e os avanços científicos, haverá um racha na cultura alimentar e o mundo será dividido entre vegetarianos e onívoros. “O vegetarianismo vai crescer de tal maneira que criará uma divisão como corintianos e palmeirenses”, compara, ressaltando logo em seguida que, quando ele se interessou pelo tema, ainda na faculdade, em 1986, quem não comia carne era visto como radical e excêntrico.
Atentos ao prato
O ganho na saúde não se deve apenas ao desaparecimento de carne no cardápio. A nutricionista Silvana Portugal, coordenadora da Sociedade Vegetariana Brasileira em Belo Horizonte, observa que o vegetariano costuma dar mais atenção ao que come e acaba fazendo opções mais saudáveis. “Quem vira vegetariano passa a comer melhor e com muito mais variedade. Enquanto o onívoro lancha pão de sal com queijo, o vegetariano vai escolher pão integral com pasta de grão-de-bico, geleia de fruta ou até mesmo azeite. O perfil muda completamente”, compara. A especialista em nutrição vegetariana e vegana diz que os consumidores de carne, queijo e laticínios ingerem em excesso proteína, que se transforma em gordura.
Vegetariano há 21 anos, o médico nutrólogo Eric Slywitch informa que metade das calorias contidas na carne, seja branca ou vermelha, é oriunda de gordura. A outra é composta por proteína. Mesmo aquela considerada magra contém 40% de gordura. “Dessa gordura, 50% é saturada, a mais nociva para o risco de doenças cardiovasculares. Além disso, a forma como as pessoas preparam a carne tende a aumentar a porcentagem”, comenta. Slywitch acrescenta que os laticínios são ainda mais gordurosos que a carne. Cerca de 60% das calorias de um queijo branco, por exemplo, são de gordura, sendo que 70% é saturada.
O nutrólogo acredita que cortar carne e laticínios é um passo importante, mas é preciso colocar alimentos mais saudáveis no lugar. Para substituir um bife de 100g, quantidade máxima recomendada pelo Ministério da Saúde, Slywitch indica o consumo de sete colheres de sopa de feijão, o que equivale a uma concha quase cheia. Assim, serão supridas as necessidades de proteína, ferro e zinco, além de fibras, que são fermentadas por bactérias do intestino e formam substâncias que ajudam a reduzir o colesterol. A carne também pode ser trocada por outras leguminosas, como lentilha, ervilha, grão-de-bico e soja. Já os substitutos de leite e ovo, usados para dar liga às receitas, são banana-verde e linhaça. A semente, quando fica de molho na água por horas, forma uma baba que parece clara de ovo.
MITOS
·
Vegetariano só come salada
Os onívoros
precisam comer mais vegetais que o próprio vegetariano para uma boa digestão. A
nutricionista Silvana Portugal esclarece que é necessário ingerir a quantidade
adequada de fibras (35g por dia, no caso de adultos) para ajudar o trânsito
intestinal. A carne permanece mais tempo no intestino e pode atrapalhar o
funcionamento do aparelho digestivo
·
Vegetariano toma vitamina para sempre
Não há
necessidade de complementar a alimentação quando as substituições são feitas de
maneira correta. O único nutriente que precisa de reforço é a vitamina B12,
encontrada em carnes, leite, queijo e ovo. O nutrólogo Eric Slywitch informa
que cerca de 60% dos vegetarianos brasileiros têm níveis insuficientes do
nutriente, que influencia na concentração, na memória e na atenção, mas isso
não é exclusividade deles. A falta de vitamina B12 está presente em 50% dos
onívoros
·
Vegetariano não tem chance de ficar
obeso
A população
vegetariana tende a ser mais magra porque os alimentos vegetais são menos
calóricos e dão mais saciedade que os de origem animal. Eric Slywitch dá um
exemplo: 100g de queijo contêm a mesma quantidade de calorias (300) que 500g de
tofu, que tem um volume cinco vezes maior. A manutenção do peso, porém, depende
das escolhas alimentares
·
Crianças não podem ser vegetarianas
As crianças
devem ser alimentadas exclusivamente com leite materno até os 6 meses. A partir
daí, a introdução de dieta complementar pode ser feita sem o uso de proteínas
animais. Para garantir o crescimento adequado, diz a nutricionista Ana
Ceregatti, o cardápio deve conter alimentos de todos os grupos, ser variado e
oferecer a quantidade adequada de nutrientes de acordo com a idade
ENTENDA AS DIFERENÇAS
ENTENDA AS DIFERENÇAS
De modo geral, vegetariano é o indivíduo que não come carne (vermelha ou branca), mas existem algumas variações
Ovolactovegetariano: inclui ovos, leite e derivados na alimentação
Lactovegetariano: não come ovos, mas ingere leite e laticínios
Vegetariano estrito: também conhecido como vegetariano puro, não adota qualquer tipo de produto animal na dieta
Vegano: além de não ingerir carnes, ovos, leites e derivados, recusa o uso de componentes animais não alimentícios, como vestimentas de couro, lã e seda, assim como produtos testados em animais
Crudívora: vegetariano estrito que consome apenas alimentos crus ou aquecidos a no máximo 42°C
Frugívora: inclui apenas frutos em sua alimentação, como cereais, legumes, oleaginosos e frutas
Fonte: Eric Slywitch, médico nutrólogo
Vegetarianismo melhora
bem-estar emocional e, até mesmo, previne câncer
Estudos indicam que a dieta à base de vegetais não
faz bem apenas para o coração. Também evita cânceres, alivia sintomas da
depressão e aumenta a produtividade
Cada vez mais jovens vêm aderindo ao vegetarianismo
Mais que uma decisão de parar de comer carne, eles buscam um novo estilo de vida
Com motivações diferentes, cada vez mais jovens aderem a
dietas que refletem também um modo de vida. Muitos se opõem à exploração e à
criação de animais para serem usados na alimentação de humanos e se submetem a
planos alimentares que, além de saudáveis, são politicamente corretos. Mas nem
sempre é fácil seguir à risca, pois, muitas vezes, significa parar de comer
algo que muitos deles apreciam, passar fome em eventos sociais, ter dificuldade
em encontrar bons restaurantes e, principalmente, buscar conhecimento para não
prejudicar a saúde. A nutricionista especializada em nutrição vegetariana
Andreia Torres diz que a maioria das pessoas que a procura com o interesse em
abolir o consumo de carne tem entre 18 e 25 anos. “Em geral, são influenciadas
por amigos ou namorados preocupados com o bem-estar dos animais ou são adeptos
da prática de ioga.”
Apesar da mudança de hábito notada nos consultórios, os jovens ainda são minoria entre os vegetarianos. De acordo com o Target Group Index, do Ibope Media, a proporção de homens e mulheres que seguem a dieta sem carne é a mesma: cerca de 8%. A porcentagem, porém, é maior entre as pessoas de 65 a 75 anos. Nesse grupo, o percentual é de 10%. Já entre os jovens, de 20 a 24 anos, o índice é menor (7%), assim como o registrado entre homens e mulheres de 35 a 44 anos.
Apesar da mudança de hábito notada nos consultórios, os jovens ainda são minoria entre os vegetarianos. De acordo com o Target Group Index, do Ibope Media, a proporção de homens e mulheres que seguem a dieta sem carne é a mesma: cerca de 8%. A porcentagem, porém, é maior entre as pessoas de 65 a 75 anos. Nesse grupo, o percentual é de 10%. Já entre os jovens, de 20 a 24 anos, o índice é menor (7%), assim como o registrado entre homens e mulheres de 35 a 44 anos.
Os vegetarianos ainda têm que lidar com o preconceito. Quase todos
reclamam das caras feias que recebem ao falar do hábito alimentar. Pensando
nisso, o chef Flávio Giusti criou, no Youtube, o programa Vegetarirango, em
que, com muito humor, ensina a fazer “comida vegetariana sem frescura”, algo
que muitos acham impossível. “É uma ideia que se tem por aí: de que
vegetarianismo é frescura. Quero mostrar que não é bem assim.”
O servidor público Pedro Arcanjo Matos, 27 anos, não come carne há quase 10 anos. Começou a praticar o vegetarianismo e, com o tempo, tornou-se vegano — não come nem usa nada que tenha origem animal. Ainda que gostasse muito de carne, acredita que foi a melhor escolha. Ele conta que até fez um ritual: “Foi uma questão ética e não de saúde. Por isso, fiz uma despedida oficial: comi camarão ao alho e óleo”. A paixão, no entanto, passou, o que ele atribui a uma mudança no paladar. “Acho que fiquei mais sensível ao gosto das coisas e mais aberto a experimentar outras. Foi a mudança mais positiva na minha vida.”
O vegetariano de Brasília passa pelo grande desafio, que devia ser simples, de encontrar onde comer. A dieta sem carne restringe muito as opções de estabelecimentos. Pedro, por exemplo, diz que mudou a rotina alimentar “na tora”, à base de muito biscoito e outros carboidratos. A nutricionista Andreia Torres, porém, alerta: “A substituição das carnes por fontes vegetais com pouca proteína e muito carboidrato simples leva a um ganho de peso, principalmente na forma de gordura corporal”. Ela costuma fornecer a seus pacientes uma apostila de cerca de 80 páginas com informações básicas e receitas do que é necessário para se tornar vegetariano.
Jovem e conectado, Pedro teve a ideia de um projeto: fazer um levantamento dos lugares vegetarianos e/ou veganos na cidade. Assim, criou um blog, o Distrito Vegetal, em 2009. Nele, além de fazer resenhas de restaurantes e sugerir lugares recém-abertos, dá receitas que recebe de leitores e outras dicas em geral. Ele vibra pela evolução de Brasília nesse quesito: “Quando comecei, não tinha quase nenhum lugar onde era possível comer. Atualmente, tem mais de 100. Isso é ótimo”. O problema ainda são os preços, geralmente mais altos. Outro objetivo do Distrito Vegetal seria aproximar ainda mais os vegetarianos e os veganos. “As refeições são agregadoras, não dá para negar. Com o veganismo principalmente, a gente fica um pouco isolado.” Pedro se orgulha de ter influenciado positivamente uma tradicional lanchonete da cidade. “Sempre que saíamos da balada, meus amigos e eu íamos lá e só comíamos batata frita. Conversamos com o pessoal — acho que outras pessoas também — e hoje eles oferecem hambúrguer vegetariano”.
O servidor público Pedro Arcanjo Matos, 27 anos, não come carne há quase 10 anos. Começou a praticar o vegetarianismo e, com o tempo, tornou-se vegano — não come nem usa nada que tenha origem animal. Ainda que gostasse muito de carne, acredita que foi a melhor escolha. Ele conta que até fez um ritual: “Foi uma questão ética e não de saúde. Por isso, fiz uma despedida oficial: comi camarão ao alho e óleo”. A paixão, no entanto, passou, o que ele atribui a uma mudança no paladar. “Acho que fiquei mais sensível ao gosto das coisas e mais aberto a experimentar outras. Foi a mudança mais positiva na minha vida.”
O vegetariano de Brasília passa pelo grande desafio, que devia ser simples, de encontrar onde comer. A dieta sem carne restringe muito as opções de estabelecimentos. Pedro, por exemplo, diz que mudou a rotina alimentar “na tora”, à base de muito biscoito e outros carboidratos. A nutricionista Andreia Torres, porém, alerta: “A substituição das carnes por fontes vegetais com pouca proteína e muito carboidrato simples leva a um ganho de peso, principalmente na forma de gordura corporal”. Ela costuma fornecer a seus pacientes uma apostila de cerca de 80 páginas com informações básicas e receitas do que é necessário para se tornar vegetariano.
Jovem e conectado, Pedro teve a ideia de um projeto: fazer um levantamento dos lugares vegetarianos e/ou veganos na cidade. Assim, criou um blog, o Distrito Vegetal, em 2009. Nele, além de fazer resenhas de restaurantes e sugerir lugares recém-abertos, dá receitas que recebe de leitores e outras dicas em geral. Ele vibra pela evolução de Brasília nesse quesito: “Quando comecei, não tinha quase nenhum lugar onde era possível comer. Atualmente, tem mais de 100. Isso é ótimo”. O problema ainda são os preços, geralmente mais altos. Outro objetivo do Distrito Vegetal seria aproximar ainda mais os vegetarianos e os veganos. “As refeições são agregadoras, não dá para negar. Com o veganismo principalmente, a gente fica um pouco isolado.” Pedro se orgulha de ter influenciado positivamente uma tradicional lanchonete da cidade. “Sempre que saíamos da balada, meus amigos e eu íamos lá e só comíamos batata frita. Conversamos com o pessoal — acho que outras pessoas também — e hoje eles oferecem hambúrguer vegetariano”.
A comida acabou ganhando um papel
central na vida do servidor, pois cada refeição precisa ser muito bem pensada.
Namorar alguém que não fosse vegetariana até se tornou um problema. “Os
relacionamentos que tive com não vegetarianas acabaram mudando a dieta delas.
Acho que fiz algo bom pelas meninas. Seria muito difícil ter algo com alguém
que come carne”, confessa. Pedro reconhece tanto o preconceito contra
vegetarianos e veganos quanto a chatice de alguns deles: “Muito querem fazer
pregação aos outros, e isso não é legal”. Na visão dele, não há como ser tão
purista na sociedade em que vivemos, uma vez que temos necessidades.
Quando a dieta vira negócio
Quando a dieta vira negócio
A reclamação de todo vegano é a falta de lugares para comer. Com alguma experiência em um restaurante vegetariano de Brasília, a chef Marina Corbucci, 29 anos, começou a preparar marmitas veganas em casa para vender sob encomenda. O negócio foi crescendo, até que ela decidiu abrir seu próprio café, onde um dos mais famosos quitutes é o pão-sem-queijo, uma versão vegana do pão de queijo. A ideia surgiu da simples experiência de vida dela: “Eu mesma, quando mais nova, tinha muita dificuldade para comer fora de casa, então quis atender essa demanda”. A chef se orgulha de ter também clientes que não são nem vegetarianos. “Eu queria também poder mostrar a comida vegana para o público geral.” Com um ambiente mais descontraído, a maior parte da clientela tem entre 25 e 35 anos. Marina deixou de comer carne aos 16 anos. Um período fora do país, aos 21, fez com que ela fosse obrigada a cozinhar mais. Foi aí que se apaixonou pela gastronomia. Depois de formada em psicologia, percebeu que aquela não era a sua vocação. O Café Corbucci foi o primeiro restaurante vegano da capital e é referência entre os moradores daqui.
Tipos de vegetarianismo
Lactovegetarianismo: dieta composta por alimentos de origem vegetal, leite e seus derivados.
Ovovegetarianismo: dieta composta apenas por alimentos de origem vegetal e ovos, excluindo produtos lácteos.
Vegetarianismo semiestrito: dieta que exclui quase todos os alimentos de origem animal, abrangendo somente o mel
Vegetarianismo estrito ou Veganismo: exclui todo e qualquer alimento de origem animal.
Muitas vezes, vegetarianismo é uma tradição familiar
Enquanto para alguns se tornar vegetariano é um desafio, já que precisam
preparar a própria comida, para outros, há a facilidade de contar com uma
família inteira adepta da dieta.
Enquanto para alguns se tornar vegetariano é um desafio, já que precisam
preparar a própria comida, para outros, há a facilidade de contar com uma
família inteira adepta da dieta. Esse é o caso da família Riedel, que já está
na quinta geração de vegetarianos. A segunda geração é a do advogado Ulisses
Riedel, 80 anos, ativista do vegetarianismo. Os irmãos Rogério, 27, e Paulo
Fontes, 25, advogados, e a prima Patrícia Resende, 30, nunca comeram carne.
Patrícia e as duas irmãs, quando pequenas, sentiam até nojo, pois, desde cedo,
os pais delas esclareciam a crueldade que a indústria da carne praticava contra
os animais. Hoje, ela tem uma filha de 7 meses, Letícia, a qual pretende criar
da mesma forma: “Meu marido não é vegetariano, mas simpatiza com a filosofia.
Decidimos que não teria carne aqui em casa e que nossa filha seria criada como
eu. Quando tiver idade para decidir se quer continuar assim ou não, vai ter
toda a liberdade”.
Numa época em que não havia facilidade de internet, Patrícia tinha como
fonte de informação os próprios pais, as palestras do avô Ulisses Riedel e os
livros de teosofia. Rogério e Paulo precisaram pesquisar ainda mais, pois não
era costume dos pais conversarem sobre o assunto. “Começamos a estudar muito
porque, sempre que dizíamos que éramos vegetarianos, nos enchiam de perguntas e
precisávamos saber responder”, conta Rogério, que foi além e, no início deste
ano, tornou-se vegano, abolindo do cotidiano qualquer produto de origem animal
que submeta animais à exploração. Essa transição na alimentação foi complicada
no início, tanto por conta do seu bem-estar quanto pela falta de restaurantes
disponíveis. Mas, atualmente, ele se sente muito mais disposto e, assim como
Pedro Matos com seu blog, Rogério criou um aplicativo para celular com opções
de onde comer, o Guia Vegan Bsb.
Paulo admira a disciplina e a força de vontade do irmão: “Eu não consigo dizer que não vou mais comer tal coisa e, simplesmente, parar. Com o ovo, eu consegui parar porque o gosto virou referência de um filme que assisti, mas eu não deixo de comê-lo se está na receita de um bolo ou em uma massa, por exemplo”. A restrição dele, assim como a do irmão, vai além da alimentação: “Nós só usamos cinto de borracha, nunca de couro. Mas é muito difícil encontrar aqui no Brasil.”
Paulo admira a disciplina e a força de vontade do irmão: “Eu não consigo dizer que não vou mais comer tal coisa e, simplesmente, parar. Com o ovo, eu consegui parar porque o gosto virou referência de um filme que assisti, mas eu não deixo de comê-lo se está na receita de um bolo ou em uma massa, por exemplo”. A restrição dele, assim como a do irmão, vai além da alimentação: “Nós só usamos cinto de borracha, nunca de couro. Mas é muito difícil encontrar aqui no Brasil.”
A preocupação deles é com o sofrimento pelo qual a indústria faz os
animais passarem. Eles não concordam com a forma como são tratados e lamentam a
cultura da carne cultivada no Brasil. O preconceito ainda existe. Quando
criança, Rogério passou por uma situação muito desagradável em uma visita a um
colega de escola. Certa de que a opção por não comer carne não passava de um
capricho, a mãe do colega e dona da casa escondeu pedaços de carne no meio da
comida de Rogério. “Ela perguntou se estava gostoso e eu não seria mal-educado
de dizer que não, então, ela começou a gargalhar e confessou que havia carne
ali”, lamenta.
Viajado, Paulo compara as condições do vegetariano aqui e em outros países: “Em qualquer outro país, é muito mais fácil. Até na África do Sul, um lugar economicamente inferior ao Brasil, tinha opções vegetarianas e veganas em todo restaurante que eu ia”. O irmão, Rogério, critica: “O negócio é que aqui 3% do PIB nacional vem da indústria da carne”.
Viajado, Paulo compara as condições do vegetariano aqui e em outros países: “Em qualquer outro país, é muito mais fácil. Até na África do Sul, um lugar economicamente inferior ao Brasil, tinha opções vegetarianas e veganas em todo restaurante que eu ia”. O irmão, Rogério, critica: “O negócio é que aqui 3% do PIB nacional vem da indústria da carne”.
Veganos abraçam um estilo de vida que vai muito
além da alimentação sem carne
Adeptos estão engajados por um mundo de consumo
consciente e liberto de sofrimento animal
“Acho melhor não pegar o vermelho, deixa eu ver as outras
cores”, assim começa nosso papo com a advogada Janaína Almeida, 28 anos. A
frase pode parecer um pouco estranha, mas responde ao simples questionamento
“aceita um chiclete?”.
A recusa não tem a ver com o sabor morango e, sim, com estilo de vida: ela é vegana. Esse tipo de dúvida, sobre o que consumir ou usar, perpassa toda a rotina das pessoas que optam por não se servir de produtos de procedência animal. “Os corantes vermelhos quase sempre vêm do carmim retirado de insetos (cochonilha) e, por isso, eu prefiro não arriscar”, esclarece Janaína.
A recusa não tem a ver com o sabor morango e, sim, com estilo de vida: ela é vegana. Esse tipo de dúvida, sobre o que consumir ou usar, perpassa toda a rotina das pessoas que optam por não se servir de produtos de procedência animal. “Os corantes vermelhos quase sempre vêm do carmim retirado de insetos (cochonilha) e, por isso, eu prefiro não arriscar”, esclarece Janaína.
As perguntas sobre ingredientes e o hábito de checar todos os
rótulos e etiquetas são algumas das formas que os veganos têm de se resguardar
quanto ao consumo de produtos vetados. Diferentemente dos vegetarianos, os
veganos estão atentos a aspectos da exploração dos animais que vão além da
alimentação.
Produtos de higiene pessoal, maquiagem, roupas, calçados e até mesmo tatuagens podem ser livres ou não desse tipo de sofrimento. Os desenhos no corpo de Janaína, por exemplo, são feitos com tintas especiais (e por um tatuador vegano). Nesta reportagem, a advogada é também nossa modelo. A produção, do batom ao sapato, dos acessórios ao condicionador, foi montada pela mesma, com suas roupas e produtos, totalmente isentos de substratos animais na formulação e desenvolvidos por marcas que, comprovadamente, não usam cobaias.
Janaína se tornou vegetariana aos 19 anos. “Sempre gostei de animais e desse assunto. Trabalhava com proteção e fazia resgate de pets. Não quis mais compactuar com esse sistema, que submete seres à tortura”, explica. No início, enfrentou um pouco de resistência dos familiares e precisou aprender a cozinhar para garantir as refeições vegetarianas. Com o tempo, conseguiu marcar sua posição. “Eu gostava de carne, do sabor, então não foi da noite para o dia. Primeiro, parei de comer carne vermelha; depois, a de frango; e por fim, a de peixe”, detalha.
A transição para o veganismo veio um ano depois e foi menos suave. “Percebi que não estava sendo coerente, pois para produzir leite, ovos, couro e lã, por exemplo, os animais sofrem como aqueles destinados ao consumo. Vivi uma crise de abstinência, mas, depois, o meu organismo de acostumou”, explica. A partir desse mesmo dia, Janaína passou a pesquisar todas as marcas que usava. Não se desfez dos produtos de couro que já tinha, mas abriu mão de adquirir itens novos.
Para se adaptar à nova vida, a advogada buscou ajuda nas redes sociais. “Encontrei comunidades veganas no Orkut e lá eu trocava informações sobre lojas e marcas”, revela. “Se naquela época, há 8 anos, eu encontrei, hoje é mais fácil ainda. Vivo arrumada, maquiada e, quando preciso me vestir formalmente, ninguém nota a diferença entre meus sapatos e bolsas de couro sintético e os de couro animal”, completa. Para ela, só não é vegano quem não quer. “As pessoas ficam arrumando desculpas e colocando dificuldades onde não tem.”
Glossário
Veganismo
Filosofia de vida na qual não se consome nenhum produto de origem animal, incluindo ovos e leite. Além disso, os veganos não vão a rodeios, zoológicos ou frequentam atividades turísticas que envolvam exploração animal. Marcas que fazem testes em animais também são vetadas.
Vegetarianismo
Vegetarianos não consomem nenhum tipo de carne. Alguns, os vegetarianos estritos, a exemplo dos veganos, cortam da dieta ovos, leite e mel.
Ovolactovegetarianismo
Dieta que veta todo tipo de carne, mas permite a ingestão de ovos, leite e derivados.
Ovovegetarianismo
Mantém o consumo de ovo, mas não permite o consumo de leite e derivados.
Lactovegetarianismo
Exclui o ovo, mas permite a ingestão de leite e derivados.
Crudivorismo
Geralmente, um vegetariano estrito que só consome alimentos crus ou aquecidos no máximo até 42ºC. Usam alimentos em fase de germinação, com alto teor de nutrientes.
Frugivorismo
Usa somente frutos na alimentação. O conceito de frutos, nesse caso, pode incluir alguns cereais e legumes, além de oleaginosas.
Produtos de higiene pessoal, maquiagem, roupas, calçados e até mesmo tatuagens podem ser livres ou não desse tipo de sofrimento. Os desenhos no corpo de Janaína, por exemplo, são feitos com tintas especiais (e por um tatuador vegano). Nesta reportagem, a advogada é também nossa modelo. A produção, do batom ao sapato, dos acessórios ao condicionador, foi montada pela mesma, com suas roupas e produtos, totalmente isentos de substratos animais na formulação e desenvolvidos por marcas que, comprovadamente, não usam cobaias.
Janaína se tornou vegetariana aos 19 anos. “Sempre gostei de animais e desse assunto. Trabalhava com proteção e fazia resgate de pets. Não quis mais compactuar com esse sistema, que submete seres à tortura”, explica. No início, enfrentou um pouco de resistência dos familiares e precisou aprender a cozinhar para garantir as refeições vegetarianas. Com o tempo, conseguiu marcar sua posição. “Eu gostava de carne, do sabor, então não foi da noite para o dia. Primeiro, parei de comer carne vermelha; depois, a de frango; e por fim, a de peixe”, detalha.
A transição para o veganismo veio um ano depois e foi menos suave. “Percebi que não estava sendo coerente, pois para produzir leite, ovos, couro e lã, por exemplo, os animais sofrem como aqueles destinados ao consumo. Vivi uma crise de abstinência, mas, depois, o meu organismo de acostumou”, explica. A partir desse mesmo dia, Janaína passou a pesquisar todas as marcas que usava. Não se desfez dos produtos de couro que já tinha, mas abriu mão de adquirir itens novos.
Para se adaptar à nova vida, a advogada buscou ajuda nas redes sociais. “Encontrei comunidades veganas no Orkut e lá eu trocava informações sobre lojas e marcas”, revela. “Se naquela época, há 8 anos, eu encontrei, hoje é mais fácil ainda. Vivo arrumada, maquiada e, quando preciso me vestir formalmente, ninguém nota a diferença entre meus sapatos e bolsas de couro sintético e os de couro animal”, completa. Para ela, só não é vegano quem não quer. “As pessoas ficam arrumando desculpas e colocando dificuldades onde não tem.”
Glossário
Veganismo
Filosofia de vida na qual não se consome nenhum produto de origem animal, incluindo ovos e leite. Além disso, os veganos não vão a rodeios, zoológicos ou frequentam atividades turísticas que envolvam exploração animal. Marcas que fazem testes em animais também são vetadas.
Vegetarianismo
Vegetarianos não consomem nenhum tipo de carne. Alguns, os vegetarianos estritos, a exemplo dos veganos, cortam da dieta ovos, leite e mel.
Ovolactovegetarianismo
Dieta que veta todo tipo de carne, mas permite a ingestão de ovos, leite e derivados.
Ovovegetarianismo
Mantém o consumo de ovo, mas não permite o consumo de leite e derivados.
Lactovegetarianismo
Exclui o ovo, mas permite a ingestão de leite e derivados.
Crudivorismo
Geralmente, um vegetariano estrito que só consome alimentos crus ou aquecidos no máximo até 42ºC. Usam alimentos em fase de germinação, com alto teor de nutrientes.
Frugivorismo
Usa somente frutos na alimentação. O conceito de frutos, nesse caso, pode incluir alguns cereais e legumes, além de oleaginosas.
Assim nascem os ativistas
Durante 27 anos, o administrador Bruno Pinheiro, 33 anos, viveu sem interesse no veganismo e até mesmo sem nenhuma empatia pelos animais. “Sempre fui muito frio com relação aos animais, não tinha emoções quanto a eles”, reconhece. Uma visita ao cinema e a chegada de um novo membro na família, mudaram a vida de Bruno “de cabeça para baixo”.
Em 2008, o administrador assistiu ao filme Marley e eu, e enquanto não se emocionou com o sucesso de bilheteria, ficou impressionado com a reação dos outros espectadores. “Tinha muita gente chorando e chorando demais, de soluçar. Eu não vivenciei nada daquilo, mas percebi que precisava sentir o que aquelas pessoas sentiam”, conta. Esse pensamento o perseguiu por muito tempo, até que, um ano depois, Bruno adotou a cadela Amora.
Foi uma experiência reveladora. “Aí, sim, eu entendi. Vi como os animais eram encantadores e passei a amar a Amora com a mesma força que amo meus filhos e isso mexeu muito comigo”, relembra. Um ano de convivência com a vira-lata teve uma consequência inesperada. De apaixonado por carnes, massas e fast-food, ele passou a questionar a procedência dos alimentos. “Como eu poderia respeitar tanto uma cadela, ser capaz de qualquer coisa por ela, e ao mesmo tempo desrespeitar os outros animais?”, pondera.
O dilema durou três meses, durante os quais Bruno chegou a pedir que amigos o convencessem a manter a dieta carnívora. Todos os argumentos, no entanto, caíram por terra ante as pesquisas do administrador. “Nenhuma das justificativas se sustentava e minha consciência não me permitia mais continuar explorando os animais. Depois de três meses de questionamentos, eu me tornei vegano.”
Diferentemente de outros veganos, Bruno não passou pela fase do vegetarianismo. “Na primeira semana, eu vivi de feijão com arroz. Só depois de um tempo encontrei opções e voltei a comer tudo que comia antes, mas em versões veganas”, ensina. A pizza, a lasanha, o hambúrguer e o cachorro-quente voltaram a fazer parte da rotina de Bruno conforme ele encontrava receitas e restaurantes veganos.
Dois anos após a adoção de Amora e um ano depois da conversão vegana, Bruno se mudou para Brasília e passou a militar em movimentos. Ao lado de amigos, fundou a Frente de Ações pela Libertação Animal (Fala), da qual é presidente. “Aquele filme e a Amora mudaram minha vida e, hoje, eu sei que o veganismo é um compromisso moral e político”, completa. A Fala promove periodicamente feirinhas com produtos livres de sofrimento animal. “Mudar é uma decisão pessoal, basta querer”, tranquiliza o administrador.
Que tipo de terráqueos somos
nós?
O fato de eu ainda não ter completado a transição é muito pessoal — não foi por dificuldade em encontrar alternativas veganas”, explica a estudante Bárbara Segato Monteiro, 23 anos. Ela já fez uma série de substituições, que incluem todos os produtos de higiene pessoal. As roupas e os acessórios de couro foram todos doados. Os empecilhos enfrentados por Bárbara para se aprofundar no veganismo são dois: a rotina atribulada, que dificulta o preparo das refeições, e a marca de maquiagens preferida. “Eu não uso isso como desculpa ou algo assim, mas são algumas dificuldades que eu ainda tenho e pretendo vencer no futuro. Vou me tornar vegana eventualmente”, acredita.
Bárbara se tornou vegetariana há cerca de 7 anos, após assistir ao documentário Terráqueos. O filme defende o vegetarianismo com cenas fortes de abate de animais para consumo e impactou a então adolescente. “É muito pesado e, no mesmo dia, eu cheguei em casa dizendo para minha mãe que era vegetariana”, lembra. O processo foi gradual, pois a jovem não conhecia vegetarianos e não sabia como equilibrar a alimentação. Primeiro abiu mão da carne vermelha e passou a comer arroz, frango e batata todos os dias. O resultado foi uma anemia que levou a jovem ao consultório de uma nutricionista. “Eu deixei bem claro que não voltaria atrás na minha decisão e, então, montamos uma dieta que atendesse às minhas necessidades”, lembra. Pouco tempo depois, todos os tipos de carne estavam fora da alimentação.
A estudante começou a se envolver com a causa e a participar de eventos pela cidade. No início, achava o veganismo uma opção radical, mas quanto mais se informava, mais entendia. “Comecei a refletir e pensar: ‘Por que não?’.” Há mais ou menos um ano, começou uma mudança gradativa. “Eu vi que era possível e comecei a fazer as substituições aos poucos. Não quis ser brusca como da primeira vez, que tive anemia. Estou respeitando meu tempo e minhas limitações”, pondera.
Algumas vezes, Bárbara elege dias da semana para ser totalmente vegana e, aos poucos, vai inserindo os novos hábitos na rotina. “É necessário mais comprometimento do que ser vegetariana. Estou me preparando para dar esse passo, mas ainda não consegui me desfazer dos produtos que tenho e que dão tão certo com o meu tom de pele e são muito bons. Nesse caso específico, a estética ainda fala um pouco mais forte, mas não me cobro, sei que o dia de me tornar vegana vai chegar”, resume.
No caso dela, a compaixão pelos animais foi só a porta de entrada para um universo maior. Descobriu, por exemplo, o impacto ambiental causado pela indústria alimentar. “A criação de animais não é sustentável — é a causa da maior parte da devastação de todos os ecossistemas do planeta”, aponta. “E isso me chocou muito.” O lado ambiental passou a ser o cartão de visita da jovem sempre que alguém, interessado em conversar, questiona os motivos de suas escolhas. “Começo falando do meio ambiente, porque nem todos se importam com o que os animais sentem. Mas todos estão sujeitos aos impactos ambientais.”
Empreender para solucionar
A coordenadora da Sociedade Vegetariana Brasileira e ativista da Associação Protetora dos Animais do DF (ProAnima), Joseth Souza, confirma a teoria da advogada Janaína Almeida. Por meio da ProAnima, ela e outros veganos estão montando um guia de alimentação vegana na capital — a lista já conta com mais de 150 estabelecimentos. “Quando terminarmos esse, vamos fazer outro só de lojas de calçados, roupas, produtos de higiene e de beleza. Mas é fácil encontrar opções em sites veganos, que mostram quais marcas se alinham”, afirma.
oseth esclarece que é necessário se informar constantemente e
atualizar as listas de marcas e empresas. “É sempre bom checar, porque as
marcas mudam, ficam períodos sem testes em animais e depois voltam”, explica. A
ativista acrescenta que aderir ao estilo de vida é mais fácil e mais barato do
que as pessoas supõem e que os brasilienses têm muitas opções à disposição.
A variedade de produtos e serviços do gênero no Distrito Federal se justifica pelo alto número de simpatizantes da causa. Segundo dados de 2012 apurados pelo Ibope, cerca de 10% da população do Distrito Federal se diz vegetariana, o que equivale a cerca de 256 mil pessoas. “Usamos esse dado porque foi a primeira pesquisa feita na área e ainda não temos um recorte específico dos veganos”, completa Joseth.
Hoje, existem lojas em Brasília que comercializam pastas e escovas de dente, xampus e condicionadores, cremes hidratantes, sabonetes e desodorantes veganos. O jornalista Thiago Dutra Vilela, 25 anos, se tornou vegano e diante da deficiência que encontrou no mercado brasiliense, montou o próprio negócio para atender o nicho.
Ao conhecer o dono de um hortifruti que queria transformar o estabelecimento em uma lanchonete vegana, enxergou uma oportunidade e se tornou sócio no negócio. “Eu já tinha emprego, mas quis entrar nessa, principalmente por ser vegano e querer fazer parte da expansão desse estilo de vida na cidade. Quando começamos, ainda não existia nenhum restaurante vegano em Brasília”, explica. Além disso, o antigo hortifruti contava com uma espécie de empório. Com a transformação do lugar, os sócios optaram por “veganizar” o mercadinho.
Como a maioria, Thiago foi vegetariano antes de vegano. Ao entrar na faculdade, teve contato com textos sobre os direitos dos animais e sobre a senciência, a capacidade de sofrer ou sentir prazer. “Fui estudando e percebi que não era possível acreditar que os animais não têm sentimentos. Assim, tive uma consciência mais ética de que eles são seres vivos e não existem para servir os humanos. Devem viver da forma mais independente possível”, defende.
Muitos são os motivos para uma pessoa mudar de hábitos, acredita o empreendedor. Entre eles, a saúde física, a preocupação com o meio ambiente e o sentimento de compaixão pelos animais. “O meu caso é o último”, reconhece. “Vi que deixar de comer carne não era o suficiente. Não fazia sentido eu me ver como um protetor dos animais e continuar consumindo produtos de origem animal. Eu já tinha uma ética e estava bem informado”, reflete.
A busca por informação é fundamental, defende Joseth. A ativista afirma que a internet é uma grande aliada, pois o vegano precisa sempre se reciclar. “É necessário sempre pesquisar as marcas. Não avaliamos só se a roupa não de lã, couro ou seda, mas também no que a empresa está envolvida. As marcas de cerveja, por exemplo, não têm componentes animais em seus produtos, mas muitas delas patrocinam rodeios e também devem ser boicotadas”, argumenta. Por isso, Joseth prefere encarar o veganismo como uma espécie de processo constante de avaliação de serviços e produtos. “É a única arma que temos para tentar mudar esses costumes tão nocivos.”
A variedade de produtos e serviços do gênero no Distrito Federal se justifica pelo alto número de simpatizantes da causa. Segundo dados de 2012 apurados pelo Ibope, cerca de 10% da população do Distrito Federal se diz vegetariana, o que equivale a cerca de 256 mil pessoas. “Usamos esse dado porque foi a primeira pesquisa feita na área e ainda não temos um recorte específico dos veganos”, completa Joseth.
Hoje, existem lojas em Brasília que comercializam pastas e escovas de dente, xampus e condicionadores, cremes hidratantes, sabonetes e desodorantes veganos. O jornalista Thiago Dutra Vilela, 25 anos, se tornou vegano e diante da deficiência que encontrou no mercado brasiliense, montou o próprio negócio para atender o nicho.
Ao conhecer o dono de um hortifruti que queria transformar o estabelecimento em uma lanchonete vegana, enxergou uma oportunidade e se tornou sócio no negócio. “Eu já tinha emprego, mas quis entrar nessa, principalmente por ser vegano e querer fazer parte da expansão desse estilo de vida na cidade. Quando começamos, ainda não existia nenhum restaurante vegano em Brasília”, explica. Além disso, o antigo hortifruti contava com uma espécie de empório. Com a transformação do lugar, os sócios optaram por “veganizar” o mercadinho.
Como a maioria, Thiago foi vegetariano antes de vegano. Ao entrar na faculdade, teve contato com textos sobre os direitos dos animais e sobre a senciência, a capacidade de sofrer ou sentir prazer. “Fui estudando e percebi que não era possível acreditar que os animais não têm sentimentos. Assim, tive uma consciência mais ética de que eles são seres vivos e não existem para servir os humanos. Devem viver da forma mais independente possível”, defende.
Muitos são os motivos para uma pessoa mudar de hábitos, acredita o empreendedor. Entre eles, a saúde física, a preocupação com o meio ambiente e o sentimento de compaixão pelos animais. “O meu caso é o último”, reconhece. “Vi que deixar de comer carne não era o suficiente. Não fazia sentido eu me ver como um protetor dos animais e continuar consumindo produtos de origem animal. Eu já tinha uma ética e estava bem informado”, reflete.
A busca por informação é fundamental, defende Joseth. A ativista afirma que a internet é uma grande aliada, pois o vegano precisa sempre se reciclar. “É necessário sempre pesquisar as marcas. Não avaliamos só se a roupa não de lã, couro ou seda, mas também no que a empresa está envolvida. As marcas de cerveja, por exemplo, não têm componentes animais em seus produtos, mas muitas delas patrocinam rodeios e também devem ser boicotadas”, argumenta. Por isso, Joseth prefere encarar o veganismo como uma espécie de processo constante de avaliação de serviços e produtos. “É a única arma que temos para tentar mudar esses costumes tão nocivos.”
Fonte:http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/
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