MOTIVAÇÕES PELA ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA - TRABALHO DE ALUNOS DE GRADUAÇÃO DO CURSO DE NUTRIÇÃO DA UFJF-MINAS GERAIS-BRASIL
Motivações pela Alimentação Vegetariana
Universidade Federal de Juiz de Fora
ICB – Departamento de Nutrição
Ana Carolina de Souza
Ana Paula Araujo
Daniele Alvarenga
Lara Freitas
Marilana Zamagno
Trabalho referente a
disciplina de Introdução
à Nutrição do 1º
período do Curso de
Nutrição da
Universidade Federal de
Juiz de Fora.
Orientado pelo
professor
Renato Nunes
Realizado pelos
alunos
Ana Carolina de Souza
Ana Paula Araujo
Daniele Alvarenga
Lara Freitas
Marilana Zamagno
Juiz de Fora
2010
Resumo
Tendo como objetivos buscar
informações sobre a origem da alimentação vegetariana, as motivações que levam
as pessoas a aderirem essa prática e os prós e contras, realizou-se um estudo
bibliográfico para fins de maiores compreensões sobre o assunto. O estudo foi
realizado com base em artigos científicos, monografias e teses pesquisadas na
internet a partir da data de 27 de setembro de 2010 a 22 de outubro de 2010.
Embora diversos fatores apontem para uma alternativa saudável a dieta
vegetariana, alguns pontos ainda são controversos. O vegetarianismo pode ser
visto como uma filosofia ou como uma restrição alimentar visando uma maior
qualidade de vida.
Palavras- chave: Vegetariano;
alimentação; origem; motivação
Introdução
Atualmente as pessoas vêm
aderindo a dieta vegetariana. Inúmeros motivos influenciam essa decisão. Como
por exemplo, motivação religiosa, anatômica e fisiológica, espiritual, ética,
saúde, ecológica e econômica.
A dieta vegetariana difere da
dieta onívora em vários aspectos. Na dieta vegetariana encontramos subdivisões
Veganismo, Lacto-vegetariana, Ovo-lacto-vegetariana, Ovo-vegetariana,
Crudívora, Frugívera.
O objetivo do trabalho é reunir
informações sobre a dieta vegetariana e assim chegarmos a uma conclusão sobre
os benefícios e malefícios nutricionais sobre essa dieta.
Métodos
Para realizar esse artigo, nós
procuramos em sites reconhecidos artigos que se relacionassem a alimentação vegetariana
e qualidade dos nutrientes contidos em certos alimentos, como carne e vegetais.
A pesquisa pela internet foi
feita entre o período de 27 de setembro até o dia 22 de outubro.
Depois de feito o levantamento
bibliográfico, os artigos obtidos foram submetidos a leitura, com a finalidade
de realizar uma análise interpretativa direcionada pelos objetivos
estabelecidos previamente e, assim, os conteúdos encontrados foram agrupados em
seus aspectos históricos e conceituais.
Uma outra maneira de pesquisa foi
a obtenção de depoimentos de pessoas que de algum modo se relacionam com a
prática vegetariana.
História do
Vegetarianismo
Na Roma Antiga e na Grécia, o
vegetarianismo foi defendido por Pitágoras que é considerado como o pai do
vegetarianismo, para ele os homens e os animais compartilhavam a mesma alma, e
seu argumento era baseado em uma dieta sem carne, que tinha três pontas:
veneração religiosa, saúde física e responsabilidade ecológica.
Além de Pitágoras grandes
filósofos defendiam o vegetarianismo, como Aristóteles.
Alguns historiadores dizem que o
primeiro a praticar essa dieta foi o matemático e filósofo grego Pitágoras, em
sua permanência no Egito. Para ele comer carne “interferia no alcance da pura
contemplação”.
No fim do século XIX eram denominados
pitágorianos, aqueles que evitavam carne, em honra a Pitágoras. Após a fundação
da Sociedade Vegetariana Britânica que o termo foi criado.
Vegetarianismo
moderno
Ecologia, saúde e preocupação com
os animais foram uns dos argumentos responsáveis pela retomada do
vegetarianismo, ocorridos na década de 70. A ecologia refere-se à
quantidade de pastagem de gado e que deveriam ser aproveitados para o plantio.
A saúde é almejada através de uma alimentação saudável, procurando se basear na
ciência. Muitas pessoas aderem ao vegetarianismo, por uma questão ética, com a
preocupação com a fome mundial, em conservar energia e em preservar a terra.
Motivação pela
alimentação Vegetariana
Muitas religiões adotam a dieta
vegetariana com o propósito de almejarem a ascensão espiritual e o respeito
pela vida dos animais. Segundo alguns mestres antigos, a carne transfere
energias densas e inferiores para aqueles que a consomem.
Um grande número de pessoas se
tornam vegetarianas por razões éticas, em resposta a um forte sentimento de que
os animais não devem ser maltratados em fazendas industriais, ou que
simplesmente não deveriam ser mortos para se tornar alimento. No entanto, muitas
pessoas que evitam a carne por preocupação com os interesses dos animais
continuam a consumir e usar outros produtos animais. A produção de leites e
ovos envolve aspectos industriais e químicos, transformando o processo de
desenvolvimento e reprodução destes animais de forma incompatível com a lógica
natural. Observando essas características, alguns vegetarianos tornam-se
veganos. Tendo essa escolha como algo que vai além da dieta alimentar,
eliminando uma contribuição para o paradigma do uso do animal.
Alimentação
Kosher
Os judeus seguem proibições de
consumo de determinadas carnes feitas por Moisés que foram reveladas por Deus
no Monte Sinai. De acordo com Moisés as carnes de animais “impuros” devem ser
evitados. Philo, um filósofo judeu do século I, dizia que Deus proibiu a carne
de porco e mariscos porque essas eram as carnes mais saborosas, assim
restringira os desejos e prazeres do corpo.
Cristianismo
O cristianismo possui influências
dos judeus, aderindo aos jejuns como purificação do corpo e do espírito. Os
vegetarianos acreditam que Jesus era contra o consumo de carnes de animais como
fonte de alimentação e são vários os santos e religiosos da comunidade
primitiva que foram abstêmios de carne. O escritor, teólogo e moralista
Tertuliano (155-255) e Clemente de Alexandria (150-215), pensador e responsável
pela escola catequética de Alexandria e São João Crisóstomo (437-407),
ensinaram os seus discípulos que evitando a carne, aumentariam a disciplina e a
força para resistir às tentações.
As carmelitas membros de uma
ordem de freiras constituídas de austeras regras, fundada em 1452, eram adeptos
da dieta Vegetariana. Outros líderes do Cristianismo como São Francisco de
Assis, Santa Clara e o patriarca do País de Gales, São David, não comiam carne
pois motivavam a auto-disciplina, mas a carne de peixe não era proibida.
Islamismo
O islamismo, por exemplo, não
adota a dieta vegetariana e nem a considera como necessidade religiosa, mas o
alcorão, o livro sagrado da religião, recomenda não comer carnes de animais
mortos. Maomé pregava a gentileza com os animais e um profeta que o sucedeu,
aconselhava os seus discípulos: “Não transformem seus estômagos em sepulturas
de animais”.
Hinduismo
A vaca é considerada como um
animal sagrado, pelos hinduístas que possuem princípios vegetarianos. Nas
escrituras védicas, o alimento é dividido em três categorias: tamas, rajas e
satva. Cada categoria possuía características que vão gerar sutileza ao corpo,
as emoções e os pensamentos.
Os alimentos tamas, têm, odores e
sabores forte, são secos e muito condimentados como salames, embutidos,
salsichas, vísceras animais, camarões, mariscos, carnes vermelhas, que
bloqueiam a percepção espiritual, intoxicam o corpo e dificultam a percepção da
sutileza das coisas.
Os alimentos satvas são: cevada,
centeio, trigo sarraceno, milho, leite fresco, frutas suaves, mel néctares, que
favorecem a sensibilidade espiritual, purificam o corpo e suavizam a mente.
Os rajas são os temperos
naturais como: a pimenta, o alho, a cebola o gengibre, o café e bebidas
alcoólicas. Esses alimentos favorecem o trabalho da mente.
Vários grupos hinduístas seguem
uma alimentação baseada nas leis de Deus, que deve ser composto por produtos
leves, nutritivos, saudáveis orgânicos e ricos em energia, podendo ser plantados.
Que caracterizam pela harmonia, regularidade e está voltada para o bem-estar.
Anatômica e
fisiológica
A dieta frugívora e herbívora é a
mais adequada ao homem, comparando com as características fisiológicas e
anatômicas dos animais.
De acordo com as características
anatômicas e fisiológicas dos animais herbívoros, carnívoros e frugívoros, percebe-se
que estes são os que mais se assemelham ao homem. Pois os homens não possuem
dentes caninos frontais pontiagudos, não possuem garras e transpiram por meio
de milhares de poros. A acidez de seu estômago é de 20 vezes menos concentrado
do que nos carnívoros o estômago possui duodeno como um segundo estômago,
as glândulas salivares, são bem desenvolvidas e a saliva é alcalina, a
mandíbula é curta, e ele deveria se alimentar de cereais, vegetais, frutas e nozes,
possuem profusão de ptialina para pré digerir cereais.
Os carnívoros possuem o intestino
com aproximadamente três vezes o comprimento do corpo, fazendo com que a
digestão ocorra mais rapidamente eliminando tudo o que não for absorvido.
Espiritual
Alimentar-se, visa à busca pela essência de uma
alma pura, pela espiritualidade, e obtenção de saúde física estando diretamente
ligado à consciência. E certo que o corpo em estado equilibrado favorece o
desenvolvimento mental e espiritual, mas isto não quer dizer, que uma
alimentação natural não torna alguém mais espiritual.
O modo de preparo dos alimentos
não influência apenas na harmonização com as leis universais, mas também na
energia do próprio individuo, os adeptos por uma dieta vegetariana, ou
até mesmo os adeptos de outras dietas.
Estes mecanismos interagem em
nível energético, levantando a questão da validade de alguns “benefícios” para
a evolução espiritual. Para o consumo dos alimentos e a combinação dos
mesmos a nível nutricional seria essencial o conhecimento da procedência.
Os evolucionários e os
espiritualistas acreditam que os animais possuem alma e manifestam medo,
irritação, simpatia, amor e inteligência. E considerado um crime para a
natureza, e uma crueldade e egoísmo o ato de matar um animal, para satisfazer a
fome, incentivando desta forma um crime do homem para o próprio homem.
O corpo astral do homem se torna
grosseiro, compulsivo em atitudes violentas, propenso a vícios, transmitindo
por vibrações malignas quando os animais percebem o momento de sua morte,
sofrendo com as sensações de medo, revolta, raiva, além das dores causadas pelo
próprio ato de violência.
Segundo Mary Winckler: “Do ponto
de vista do aperfeiçoamento do corpo humano com vistas a realização espiritual,
verdadeira finalidade de nossa existência, a carne é totalmente rejeitada, seja
porque não é um alimento de propriedades intrínsecas que favoreça a harmonia, o
equilíbrio o ritmo e a perseverança que o espírito requer e busca, seja porque
a compaixão, qualidade inerente ao florescer espiritual, também a exclui. Por
tudo isto, ou simplesmente pelo motivo mais pessoal, porém também legítimo, de
ter-se uma existência mais saudável e duradoura, a carne é invariavelmente
desaconselhada”.
Budismo
O vegetarianismo vem sendo
praticados pelos budistas por 2500 anos. Eles pregam o respeito aos animais. Segundo
Buda: “feliz seria a terra se todos os seres estivessem unidos pelos laços da
benevolência e só ingerissem alimentos que não implicam derramamento de sangue.
Os dourados grãos, os reluzentes frutos e as saborosas ervas que nascem para
todos bastariam para alimentar e dar fartura ao mundo”.
A igreja
Adventista do Sétimo Dia
Os Adventistas do Sétimo
Dia consomem apenas animais ruminantes e peixes, que são considerados puros e
próprios para a alimentação, os demais são tidos como impuros e impróprios para
o homem .
Ética
Para Ferreira, ética se
refere ao “estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, do
ponto de vista do bem e do mal”
Para os vegetarianos, os animais
por serem criados em espaços reduzidos, superlotados, confinados, passando fome
e sede, expostos a doenças em decorrência da falta de higiene de cuidado do
local, não consomem carne. Sendo para eles, o consumo de carne totalmente
antiético. Formas de abate que muitas vezes ainda primitiva e violenta, levando
os animais ao sofrimento, depenando-os ainda vivos, queimando-os e
esquartejando-os.
Outro fator que esta ligada a
essa questão animal, trata-se de uns fatores econômicos, ecológicos e de
direitos humanos, que está relacionado com a quantidade de extensão de terras utilizadas
para a pastagem do animal. Podendo ela ser utilizada para a lavoura, aumentando
a produção de alimentos saudáveis e assim colaborando com a diminuição da fome
dos indivíduos.
Todos os nutrientes necessários
para a sobrevivência são encontrados nos alimentos oriundos da terra, partindo
dessa observação, conclui-se antiético o consumo de carne.
Saúde
Apesar da dieta vegetariana não
ser aceita pela academia científica, por ainda estar em processo de
estudos, muitos vegetarianos aceita o desafio de conciliar seus princípios
filosóficos com a validade da dieta no meio cientifico. Estudos estão
sendo conduzidos a respeito da dieta vegetariana, mas a muito a ser pesquisado
sobre o assunto, uma vez que ela afeta diretamente o metabolismo; o sistema
imunológico, a saúde mental espiritual do individuo.
Devido à busca das pessoas por
mais saúde através da alimentação, a dieta vegetariana vem ganhando
espaço ao longo do tempo, mesmo encontrando dificuldade de aceitabilidade. Vale
ressaltar que é de suma importância que as dietas propostas pelo homem sejam
seguidas, sendo ou não vegetariano.
Na dieta vegetariana deve-se
acrescentar os alimentos funcionais e orgânicos reduzir o sal levando em
consideração o gênero, a idade, o peso e a altura. A dieta deve ser balanceada
procurando equilibrar os alimentos em todas as refeições, contendo uma
variedade de cores, visando atender as necessidades nutricionais dos indivíduos
e administrando as carências de vitamina B12, ferro, proteínas, gorduras,
colesterol, aminoácidos essenciais e fibras, que de fato existem em adotar a
dieta vegetariana e principalmente na gravidez, lactação, e período de
crescimento.
Atualmente existem profissionais
que orientam os interessados pela dieta vegetariana e realizam estudos
sobre os benefícios da adesão da dieta. Diversas doenças como obesidade,
artrite, reumatóide, osteoporose, câncer, diabetes, está relacionados com
alimentos de origem vegetal e a resistência dos adeptos por essa alimentação
vegetariana.
A dieta vegetariana
indica taxas menores de diabetes, câncer de cólon e de mama, doenças
cardiovasculares e da vesícula biliar. Porém os dados não são suficientes para
provar que a dieta onívora não é igualmente benéfica.
Soja e
outros grãos integrais estão sendo
substituídos, das proteínas animais pelas vegetais, vem sendo correlacionada
com redução no risco de coronariopatias, implicando diminuição natural no
consumo de gorduras saturadas. Dentre as proteínas vegetais, a da soja vem
sendo a mais estudada e alguns resultados apontam seu efeito redutor
do colesterol, especialmente em indivíduos hipercolesterolêmicos.
Ecologia
A dieta vegetariana é a opção mais
adequada para os ecologistas e para os vegetarianos um dos fatores
que merecem extrema atenção é a ecologia. Esta preocupação não é só de
amar e preservar a natureza, mas se tem uma grande atenção em eliminar
problemas que dificultem o equilíbrio do ecossistema.
O alimento é de extrema importância,
todos dependem dele e só é alcançada sua qualidade se todos trabalharem juntos,
corretamente e equilibradamente .
O desenvolvimento sustentável é
uma alternativa que aproveita recursos naturais, de maneira que não agrida o
meio ambiente, e que haja resultados favoráveis para a economia e a preservação
do ecossistema. A preocupação com a qualidade dos alimentos está relacionada
com outros fatores, os ecologistas e vegetarianos se dedicam pesquisando
e orientando a população com relação a agricultura, agropecuária,
genética, efeito estufa, água e combate a fome, através da preservação de
espécies, a defesa da exclusão da carne animal na alimentação através da
utilização correta das áreas de plantio devido ao grande impacto ambiental
causado pela agropecuária
Econômica
Dados do IBGE dizem que um boi precisa
em média 4 hectares de terras para produzir 210 kg de carne entre 4 e 5 anos.
No Brasil essa mesma quantidade de terra serve para produzir muitas toneladas
de alimentos, através da agricultura.
Neste volume de hectares ao
criar-se bois na média de 4,5 anos, tem-se 39 quilos de proteínas, nessa
mesma área e neste, mesmo tempo, se plantarmos arroz é obtido 1520 quilos.
Isso mostra ser mais vantajoso do ponto de vista econômico, conseguir proteínas
do reino vegetal do que animal.
Além disso, o gado produz menos
alimentos e consome grande quantidade de cereal e pastos, sendo grande parte do
milho produzido no Brasil destinado ao gado.
Depoimentos de
Vegetarianos
“Deixei de comer carnes vermelhas e de
aves. Mais tarde um cardiologista me convenceu a voltar a comer frango (só
peito porque não tem gordura), isto porque na ocasião ele me fez uma dieta tão
restritiva que eu não podia comer quase nada e fui para 41 quilos. Tempos
depois deixei de comer aves de novo. Hoje só como (em casa) peixe e soja e me sinto
bem assim. Se vou a uma festa ou à casa de alguém, se não tiver outro jeito,
como frango ou salgadinhos de frango. Nunca tive problemas com esta alimentação
com proteína de peixe e soja. Há uns três meses fiz um exame para medir as
proteínas e estavam normais. Deixei de comer carne simplesmente por compaixão
aos animais, mas nunca me propus a deixar de comer peixe porque não sou
perfeita.” (MRZ)
A senhora VDZ é vegetariana há 12 anos,
eliminando da sua alimentação carnes vermelhas. Ela aderiu a esse hábito quando
quis se tornar professora de ioga, e para isso, teria que seguir essa regra:
tornar-se vegetariana. VDZ diz que se sente mais “leve”, que seu funcionamento
fisiológico e imunológico melhorou. Ao buscar um médico verificou que não havia
problemas com proteínas e vitaminas visto que faz uso de suplemento nutricional
como à vitamina B12 e sulfato ferroso. Inclusive fez uso destes
suplementos quando esteve grávida com 2 anos de alimentação vegetariana, não
refletindo negativamente em seu filho.
“Não acho que seja cristã a
atitude de se matar animais para comer. Nem é coerente da minha parte gostar de
animais e comê-los. Sempre achei comer animais errado, porém nunca parei para
pensar no assunto, pois sabia que quando isso acontecesse não mais poderia
continuar, e assim foi.
Minha vida alimentar mudou
completamente. Não foi simplesmente decidir ser vegetariana e pronto,não como
mais carne. Informei-me primeiro sobre como repor as necessidades de ferro e de
proteína. Todos dizem que não comer carne faz mal à saúde, como se isso fosse
um mal necessário. Mas imagine se não filtrássemos todas as informações que
recebemos diariamente! Nem tudo que ouvimos é certo. Precisamos pesquisar o
fundamento das coisas. Não conheço nenhum vegetariano que tenha morrido ou
adoecido por isso, diferentemente dos carnívoros. Por sermos bombardeados com
informações equivocadas, procurei saber o que comer antes de tomar essa
decisão.” (MP)
Pontos positivos
Recentemente houve vários estudos
com vegetarianos mostrando o número considerável de benefícios comparados a um
grupo controle de não vegetarianos. Foi comprovada a menor ocorrência de
doenças cardiovasculares em vegetarianos em relação a indivíduos onívoros.
Estudos demonstram que os vegetarianos apresentam pressão arterial mais baixa
(entre 5 mmHg e 10 mmHg) que os onívoros
e menor prevalência de hipertensão arterial, mesmo quando o índice de
massa corporal é similar. A mortalidade por doença isquêmica do coração foi 24%
mais baixa entre os VEGs, comparativamente aos ONIs, sendo ainda mais baixa
entre os ovolactovegetarianos. O menor risco cardiovascular entre VEGs poderia
ser explicado, em parte, pela ocorrência de níveis mais baixos de colesterol
nesses indivíduos.
Em um estudo brasileiro realizado
com vegetarianos e onívoros para comparar as diferenças nos níveis de
colesterol, concluiu-se que os níveis de Colesterol total, Colesterol LDL e
Triglicérides foram menores em indivíduos vegetarianos. Já em relação à taxa de
HDL, os números foram basicamente os mesmos, porém a proporção entre HDL e
Colesterol total foi maior entre os indivíduos onde a carne não está incluída
na alimentação.
A dieta vegetariana contém uma
proporção maior de cereais integrais, legumes e sementes que possuem um grande
número de fitoquímicos e antioxidantes que reduzem o risco de hipertensão e
câncer.
The Oxford Vegetarian Study com
3.277 adultos relatou um índice 10% menor de colesterol e uma taxa 25% menor de
morte por doenças isquêmicas do coração entre os vegetarianos em relação a
onívoros. A taxa de mortalidade por alguns tipos de câncer em vegetarianos
também foi reduzida.
Além de um índice menor de ocorrência de
constipação (prisão de ventre), cálculos biliares e apendicite.
O risco elevado de câncer em
populações onívoras, em comparação a vegetarianos pode ser explicado por um
maior consumo de gordura saturada e um maior valor calórico ingerido.
Pontos Negativos
Os resultados obtidos com
pesquisas realizadas chegaram à conclusão que vegetarianos não ingerem a
quantidade adequada de vitamina B12. Essa vitamina é muito encontrada em
alimentos de origem animal. Mas para a obtenção desse nutriente é necessário
uma ingestão regular o que na maioria dos casos não ocorre. A deficiência de
vitamina B12 leva a transtornos hematológicos, como a anemia megaloblástica,
psiquiátricos, gastrintestinais, neurológicos, cardiovasculares,
principalmente, por interferir no metabolismo da homocisteína e nas reações de
metilação do organismo. Muitas vezes a deficiência pode permanecer
assintomática por longos períodos, desencadeando uma deficiência crônica que,
se mantida, pode levar a manifestações neurológicas irreversíveis.
Anemia
megaloblástica
A anemia megaloblástica pode ser
definida como um grupo de doenças caracterizado por alterações neurológicas,
anemia macrocítica, e anomalias morfológicas distintas das células
hematopoiéticas da medula óssea associadas à inibição da síntese de ADN. O
tratamento com reposição de vitamina B12 é bastante eficiente, porém se a
doença for tardiamente diagnosticada, em alguns casos podem permanecer sequelas
neurológicas.
Foi observada anemia
megaloblástica grave num lactente do gênero feminino, de 2 meses e 3 semanas de
idade, exclusivamente alimentado com leite materno desde o nascimento, por uma
mãe vegetariana estrita há 13 anos. O lactente apresentava um quadro clínico de
recusa alimentar, má evolução ponderal, vômitos, hipotonia e palidez com
evolução de 2 semanas. O estudo laboratorial efetuado revelou anemia grave
arregenerativa com trobocitopenia e neurotropenia grave. Após 48 horas do
início de um tratamento com introdução de vitamina B12 verificou-se melhoria
clínica com recuperação do apetite e da vitalidade e após 6 dias o hemograma
mostrava recuperação hematológica. A recuperação do peso e do perímetro
cefálico foi gradual, com normalização aos 9 meses apresentando um
desenvolvimento estrutural ponderal e psicomotor adequados para a idade e tendo
os parâmetros hematológicos estabilizados dentro de valores normais.
Ferro
O ferro é um mineral presente na dieta sob a forma de
ferro heme (hemoglobina e mioglobina), encontrado em carnes e derivados, e
ferro não heme, contido nos vegetais e também nas carnes. Existem diferenças
importantes entre essas duas formas do mineral. O ferro heme é melhor absorvido
que o ferro não heme, por ser aproveitado pelo intestino como um complexo
porfirínico intacto, cuja eficiência pode chegar a 25% comparada a 5% da
absorção do ferro não heme9. A absorção intestinal do ferro heme é muito pouco
afetada pela composição da dieta e pelas secreções gastrointestinais. Já o
ferro não heme precisa estar sob a forma solúvel, no duodeno e jejuno superior
para ser absorvido. Algumas substâncias como ácido ascórbico, alguns açúcares
como sorbitol e frutose e aminoácidos contendo enxofre melhoram a absorção
desse tipo de ferro. A carne bovina apresenta uma maior porcentagem de ferro
dialisável, pelo fato deste alimento conter em sua estrutura o ferro na forma
heme e aminoácidos que propiciam sua absorção. O feijão cozido acrescido de
ácido ascórbico e cistina, se iguala à carne, mostrando efeito aditivo quando
há presença dessas duas substancias. Porém, somente o ácido ascórbico não é
suficiente para promover a disponibilidade do ferro do feijão no mesmo nível do
que a da carne e somente a cistina não apresenta efeito de melhora na absorção
do ferro não-heme do feijão a nível semelhante ao encontrado na carne.
Pelo seu melhor
aproveitamento, o ferro heme é fundamental para combater e prevenir a anemia
ferropriva, que acomete cerca de 25% da população mundial, comum em crianças,
gestantes sem acompanhamento adequado de pré-natal e mulheres em idade fértil.
Como em todas as carnes, na carne suína estima-se que 40% do conteúdo total de
ferro está sob a forma heme, cuja absorção é mais eficiente. Além disso, alguns
cortes suínos apresentam maior quantidade total de ferro em relação a aves e
peixes.
Considerações finais
Com a nossa pesquisa percebemos
que há vários motivos para a adesão do hábito vegetariano. Várias pessoas
adéquam as restrições ao consumo de carne de uma forma que seja conveniente ao
seu estilo de vida, isso inclui motivações religiosas filosóficas, éticas,
culturais, ecológicas e econômicas. Também observamos que há diferentes
subdivisões de vegetarianismo.
Foi indagado se a dieta vegetariana
era realmente uma opção saudável, porém essa questão não é conclusiva visto que
encontramos pontos positivos e negativos nesse aspecto. As vantagens incluem a
diminuição do risco de doenças cardiovasculares e um maior consumo de
nutrientes estabelecidos pelas DRIs. Em contrapartida observamos uma maior
deficiência de vitamina B12 e proteínas acarretando em doenças a longo prazo,
necessitando de uma suplementação nutricional desses nutrientes.
Por essa razão se nos for
perguntado se a dieta vegetariana é uma opção saudável, responderemos que em
comparação a uma dieta desequilibrada do ponto de vista nutricional, em que a
maioria das pessoas é adepta, sim, é uma opção mais saudável. Porém ao
compararmos a uma dieta correta e equilibrada, a alimentação vegetariana não é
uma melhor opção.
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SUMÁRIO
Referência
Bibliográfica ……………………………………………………………………12
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