MITO OU VERDADE: A SOJA REDUZ O RISCO DE CÂNCER DE MAMA?

  

Soja
Soja Freepik

Mito ou verdade: a soja reduz o risco de câncer de mama?

O grão ajuda a diminuir a proliferação de células cancerígenas; entenda

 

Por Lúcia Martinez e Luis Cabañas Alite, El País

26/10/2022 04h31  Atualizado há 8 meses

Alguns dizem que a soja aumenta o risco de câncer de mama. Não nos referimos a um mito, estamos falando do que ainda é recomendado nas consultas médicas. Isso não é um conselho neutro, é um conselho diretamente ruim, porque as evidências atuais apontam que o consumo de soja, se tiver algum efeito sobre o câncer de mama, é protetor. Ou seja, um alimento que favorece a prevenção e reduz o risco de recaída está sendo desencorajado.

A ideia de que a soja favorece o câncer de mama surgiu de estudos feitos com camundongos que receberam grandes quantidades do alimento. Acontece que não somos roedores e metabolizamos a soja e seus compostos de forma diferente. Portanto, os resultados desses estudos não podem utilizados para humanos. Além disso, a quantidade de soja consumida pelos animais foi desproporcional; em um humano, seria equivalente ao consumo de cerca de 60 porções por dia. Tente comer 60 maçãs por dia, ou beber 60 litros de água, e veja o que acontece. E ninguém desaconselha maçãs ou água, certo?

Não somos ratos

Já vimos que apenas levando em conta as quantidades, o estranho teria sido que nada aconteceu com aqueles pobres ratos. Mas dissemos que, além disso, metabolizamos os fitoestrógenos de maneira diferente, mas de que maneira?

Vamos recapitular a história: diz-se que a soja é prejudicial em relação ao câncer de mama porque este é um tipo de câncer que muitas vezes (nem sempre) depende do estrogênio, que é um hormônio que nosso corpo produz, principalmente o das mulheres. E o que isso tem a ver com a soja? Como se vê, contém fitoquímicos, chamados isoflavonas, que são um tipo de fitoestrogênio, e recebem esse nome porque sua forma é semelhante ao estrogênio.

O que dizem as organizações de referência?

Quem ainda duvida que a soja não é contraindicada para esses pacientes, basta consultar o site da American Cancer Society (ACS). No Guidelines for Nutrition and Physical Activity for Cancer Survivals, pode procurar a seção referente à soja para completar informações ou acesse diretamente o resumo, onde você pode ler: 'O consumo de soja antes do diagnóstico está associado a um menor risco de mortalidade total. Também há evidências consistentes, apesar de menos estudos, de que a ingestão de soja — pré e pós diagnóstico — ou a ingestão de isoflavona após o diagnóstico está associada a um menor risco de recorrência'.

No site do World Cancer Research Fund (WCRF) temos uma seção sobre conselhos dietéticos para prevenir o câncer. Neles, as leguminosas são listadas como um alimento a priorizar — sem excluir a soja em nenhum momento — e até mesmo no gráfico que incluem do prato saudável nomeiam especificamente o tofu como opção de proteína.

Já o Instituto Americano de Pesquisa do Câncer (ACIR) nos diz que a soja e é um alimento para consumir regularmente, no site está acompanhado da cor verde e do rosto sorridente. Eles comentam sobre a falta de risco de consumir produtos de soja para sobreviventes de câncer de mama, acrescentando que há evidências limitadas de que pode até diminuir a recorrência e a mortalidade em mulheres que incluem 'quantidades moderadas de soja' na dieta. Indica que uma ou duas porções diárias de tofu, bebida de soja ou edamame são consideradas quantidades moderadas, e que estudos mostraram que três ou mais porções diárias, como pode ser comum na Ásia, não estão associadas ao aumento risco de câncer de mama.

É o que nos dizem 3 das organizações mais relevantes do mundo quando o assunto é pesquisa sobre o câncer, nada suspeito de receber subsídios do lobby da soja,. Suas declarações são baseadas em inúmeros estudos e investigações, que você pode encontrar revisando os documentos que indicamos em seus próprios sites.


Fonte:https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2022/10/mito-ou-verdade-a-soja-reduz-o-risco-de-cancer-de-mama.ghtml


Comentários