CONSUMO CORRETO DE CARBROIDRATOS AJUDA A CONTROLAR PESO, DIZ ESTUDO DE HARVARD: DIETAS COM NENHUM CARBROIDRATO SÃO IGUALMENTE RUINS PARA A SAÚDE

  Estudo mostra também a importância da qualidade e da fonte dos carboidratos no controle da obesidade a longo prazo

Consumo correto de carboidratos ajuda a controlar o peso, diz estudo de Harvard

Pesquisa demonstra que não é necessário eliminar os carboidratos da dieta, mas fazer escolhas saudáveis ajuda a reduzir o acúmulo de gordura a longo prazo

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

31/10/2023 10h34  Atualizado há 2 meses


Para emagrecer, não é necessário eliminar completamente os carboidratos de seu cardápio – basta fazer escolhas alimentares adequadas. Isso é confirmado por um extenso estudo realizado pela Universidade Harvard, publicado no The British Medical Journal. Os autores observaram que a substituição de grãos refinados, como arroz e farinha branca, por opções de cereais integrais, como aveia e quinoa, bem como a troca de vegetais ricos em amido, como milho e batata, por vegetais sem amido, como folhas, resultou em um menor acúmulo de gordura.

O artigo mostra também a importância da qualidade e da fonte dos carboidratos no controle da obesidade a longo prazo. Os cientistas chegaram a essa conclusão após avaliar os impactos da mudança no consumo desses nutrientes durante quatro anos em um grupo de mais de 130 mil pessoas, todos participantes de três estudos longitudinais: o Nurses´Health Study, o Nurses´Health II e o Health Professionals Follow-Up.


Nesse período, aumentar a ingestão de amido em 100 gramas diárias, por exemplo, resultou num ganho de aproximadamente 2,6 quilos. Já os participantes que preferiam consumir porções similares de vegetais sem amido acumularam menos três quilos do que a média.

Sabe-se que o aumento ou a perda de peso não estão ligados apenas ao consumo de carboidratos. “Depende da quantidade de calorias ingeridas e gastas, do estilo de vida, além do contexto comportamental, ambiental e social. Levando tudo isso em conta, e considerando uma dieta com déficit calórico e um estilo de vida saudável, a escolha dos carboidratos pode, sim, ajudar na perda de peso”, diz a nutricionista Fabiana Fiuza Teixeira, do Hospital Israelita Albert Einstein.

“Carboidratos ricos em fibras e grãos integrais tornam a absorção da glicose mais lenta, além de ajudar no controle do colesterol, no aumento da saciedade e na melhora do funcionamento intestinal”, complementa.

Os carboidratos refinados e vegetais ricos em amido têm um alto índice glicêmico, taxa que corresponde ao aumento do açúcar no sangue em resposta à ingestão de comida. Alimentos com índices glicêmicos elevados são absorvidos rapidamente, causando picos de glicose no sangue e favorecendo o acúmulo de gordura.“Dependendo do estilo de vida da pessoa, podem influenciar no ganho de peso”, afirma Teixeira.

Por outro lado, vale lembrar que os carboidratos são essenciais na alimentação pois são fonte de energia para vários sistemas do corpo, principalmente o Sistema Nervoso Central (SNC). “Uma dieta sem esse macronutriente é muito difícil de manter a longo prazo, pois pode ocasionar problemas não só metabólicos, mas também comportamentais”, explica a nutricionista.


Por isso, para garantir uma alimentação saudável e evitar o ganho de peso, é preciso optar por itens com mais fibras, vitaminas e sais minerais, como hortaliças, frutas e legumes, reduzir o consumo de açúcares e gorduras saturadas e evitar ao máximo os alimentos ultraprocessados.

“É preciso pensar no bem-estar num contexto mais amplo, não só alimentar, mas nos hábitos de vida em geral, incluindo movimento, saúde mental e física”, diz a especialista. “E sempre procurar informação segura e correta para fazer boas escolhas, de preferência com a ajuda de um profissional especializado”, orienta a nutricionista.


Fonte:https://revistagalileu.globo.com/saude/noticia/2023/10/consumo-correto-de-carboidratos-ajuda-a-controlar-o-peso-diz-estudo-de-harvard.ghtml


  • REDAÇÃO GALILEU
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macarrão; carboidrato; queijo (Foto: Reprodução/YouTube)

(Foto: Reprodução/YouTube)

Na hora de montar um prato de refeição, como você enxerga o carboidrato? Como um vilão alimentar que deve ser ignorado e excluído? Ou como um herói que ganha protagonismo excessivo? Se o seu objetivo é ter uma alimentação saudável, saiba que nenhum dos dois cenários é bom para sua qualidade de vida.

Segundo os pesquisadores, dietas pobres (menos de 40%) e ricas (mais de 70%) em carboidrato – ou seja, low e high carb, respectivamente – estão atreladas a um risco maior de mortalidade. A melhor opção, na verdade, é ingerir uma quantidade moderada desses alimentos.

"Dietas de baixo teor de carboidrato que substituem esses alimentos por proteína ou gordura estão ganhando popularidade como estratégia de saúde e perda de peso", afirma Sara Seidelmann, cardiologista do hospital Brigham and Women's e autora do estudo.

Mas, segundo Seidelmann, nem todas as dietas de baixo consumo de carboidrato podem ser colocadas em uma mesma categoria.

Normalmente, pessoas que pretendem diminuir a quantidade de carboidrato da alimentação optam por ingerir mais proteínas e gorduras, que podem ser oriundas de fonte animal ou vegetal.

De acordo com os médicos do estudo, aqueles que optam por proteínas e gorduras de fonte animal – como como cordeiro, frango, bife, manteiga e queijo – apresentam um risco de mortalidade maior do que aqueles que escolhem alimentos de fontes vegetais, como abacate, legumes e nozes.

“Nossos dados sugerem que dietas de baixo carboidrato baseadas em fonte animal que são prevalentes na América do Norte e da Europa podem estar associadas a uma menor expectativa de vida e não devem ser encorajadas. Em vez disso, se alguém optar por seguir uma dieta com pouco carboidrato e trocá-lo por mais gorduras e proteínas à base de plantas, isso pode promover um envelhecimento saudável a longo prazo”, relata Seidelmann, que também é nutricionista.

Método do estudo
Testes com o objetivo de comparar as dietas low-carb e high-carb não são muito simples, uma vez que eles devem ser realizados ao longo de muitos anos e não é fácil encontrar pessoas que queiram seguir essas dietas por muito tempo.

Portanto, ao em vez disso, Seidelmann e seus colegas optaram por um estudo observacional com mais de 15.400 indivíduos com idades entre 45 e 64 de diversas origens socioeconômicas dos EUA pertencentes a quatro das comunidades no país consideradas de risco para o surgimento de aterosclerose (acúmulo de gorduras e colesterol nas artérias).

Cada um dos participantes preencheu um questionário informando seus padrões alimentares. Seis anos depois, foram convidados a completar o formulário novamente.

Os voluntários também receberam acompanhamento médico ao longo de 25 anos e tiveram medição de fatores que poderiam influenciar nos resultados da pesquisa, como o tabagismo, diabetes e a renda.

Posteriormente, após a coleta dos dados de cada participante, os pesquisadores agruparam os dados obtidos com outros sete estudos observacionais realizados em todo o mundo envolvendo de mais de 430 mil pessoas.

Como resultado, perceberam que indivíduos de 50 anos que possuíam uma dieta moderada – contabilizando metade de sua energia proveniente de carboidratos – tinham uma expectativa de vida de 33 anos, ou seja, quatro anos mais do que pessoas que apostavam em dietas com pouco carboidratos e um ano a mais do que quem exagerava nos carboidratos.

carboidrato; batata (Foto: Pexels)

(Foto: Pexels)

Segundo recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e de outros órgãos de saúde de todo o mundo, a ingestão de carboidratos é fundamental para o fornecimento de cerca de metade das nossas necessidades diárias de calorias.

Mais vegetal, menos animal
Os autores do estudo não conseguiram provar a causa e o efeito devido à natureza da pesquisa. No entanto, afirmaram que as pessoas que adotam dietas do tipo ocidental – com maior restrição de carboidratos – geralmente ingerem menos vegetais, frutas e grãos e mais proteínas e gorduras animais.

Uma razão plausível é que alguns desses produtos de origem animais aparecem associados à estimulação de vias inflamatórias, ao envelhecimento biológico e ao estresse oxidativo, casos que podem contribuir para o aumento do risco de mortalidade.

Já as dietas ricas em carboidratos são mais comuns em países asiáticos e mais pobres, onde as pessoas comem muitos carboidratos refinados, como o arroz branco, por exemplo. Esse hábito também contribui para uma carga glicêmica cronicamente alta e resultados metabólicos ruins.

“Essas descobertas reúnem várias vertentes que têm sido controversas. Muito e quase nada de carboidrato podem ser prejudicial, mas o que mais conta é o tipo de gordura, proteína e carboidrato ingerido”, disse Walter Willett, professor de epidemiologia e nutrição da Escola de Saúde Pública de Harvard e coautor do estudo.

Em síntese, as dietas de baixa ingestão de carboidrato são populares para perda de peso, porque elas funcionam muito bem a curto prazo, e geralmente estão atreladas a um alto consumo de proteína animal. Porém, como relata Seidelmann: “Quanto mais baseada em vegetais (a dieta for), menor a taxa mortalidade do indivíduo”.

Fonte:https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2018/08/dietas-com-nenhum-ou-muito-carboidrato-sao-igualmente-ruins-para-saude.html

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